Santos Jorna em entrevista oferece uma perspetiva sobre a Economia Circular na Extremadura e enquadra Localcir-Poctep no contexto regional, nacional e transfronteiriço, ofrecendo a sua perspetiva para todo o trabalho desenvolvido nesta proposta do programa Interreg V-A (2014- 2020)

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A Extremadura posicionou-se na vanguarda espanhola em 2016 ao criar a sua primeira estratégia de economia verde e circular, a denominada “Extremadura 2030”, uma das primeiras em todo o país, e alguns anos depois através da Localcir voltou a optar por trazer a economia circular para os negócios , tecido social e institucional de toda a zona Euroace, prelúdio do Pacto Verde Europeu, da Agenda Circular Espanhola e dos fundos de transformação e resiliência que colocam a economia circular junto com a transformação digital como as principais alavancas para o desenvolvimento sustentável de toda a União Europeia para os próximos anos.

Santos Jorna durante a apresentação de Localcir em Bruxelas em Outubro de 2022

Santos Jorna Escobero, é o nosso convidado de hoje, sendo um dos principais responsáveis ​​pela dinamização do projeto Localcir, é licenciado em Direito pela Universidade da Extremadura, e atualmente é Coordenador de Ações Locais do governo da Extremadura, onde coordena a estratégia de Economia Verde e Circular (EVC) da Extremadura 2030, pertencente à Secretaria Geral de População e Desenvolvimento Rural, que é a principal beneficiária do projeto Localcir. É também deputado provincial em Cáceres para a Inovação e Província Digital, é também advogado, tendo sido presidente de Câmara de Arroyo de la Luz, presidente da Associação de Municípios do Tejo Salor, Conselheiro de Meio Ambiente e Assuntos Rurais, de políticas agrícolas e Território da Junta da Extremadura. Na sua vertente mais social, foi Presidente da Amnistia Internacional em Espanha, e fundador e presidente da Associação de Direitos Humanos na Extremadura.

A Secretaria Geral de População e Desenvolvimento Rural da Junta de Extremadura, é a principal beneficiária do projeto LOCALCIR, um projeto do programa europeu Interreg V-A POCTEP (2014-2020), financiado por fundos FEDER, que promove a inovação baseada na economia verde e circular no espaço Euroace, trabalhando com empresários e empreendedores na reconversão de modelos de negócio enquadrados nestes princípios.

Como é que o Secretário-Geral da População e Desenvolvimento Rural da Junta de Extremadura decidiu apresentar o projeto Localcir ao concurso Poctep?

A Extremadura converteu-se em 2016 numa das primeiras regiões de Espanha a trabalhar numa estratégia de economia verde e circular, a que chamamos “Extremadura 2030”, quisemos, e em grande parte conseguimos, posicionar-nos a nível nacional e internacional como um território que apostava na economia circular como motor do seu desenvolvimento sustentável, e nesse caminho começamos a trabalhar com todas as ferramentas possíveis que nos permitissem ser uma região circular. Acertámos a estratégia com os agentes sociais e económicos, empresários e sindicatos, abrimos um amplo processo de participação da cidadania e compilamos tudo o que já se fazia e começava a ser criado em termos de economia verde e circular na primeira economia estremenha com o catálogo de ações dessas economias na região. Foi o primeiro passo, mas logo a seguir surgiu a ideia de conceber e apresentar projetos inovadores a concursos nacionais e internacionais e aqui surgiu o “Local Cir”. A Secretaría Geral, através de Extremadura 2030, em estreita colaboração da Agenex, a agência de energia da Extremadura, preparou a candidatura e apresentou-a à convocatória aberta nesse momento, que finalmente foi aprovado com os 16 sócios que decidimos embarcar nesta frutuosa jornada com o objetivo de fazer com que as empresas da zona Euroace comecem a trabalhar em seus negócios em ambos os lados da fronteira.

Como surgiu o “Local-Cir” nesses primeiros momentos?

A palavra que criamos para intitular o projeto foi uma proposta que fiz com o intuito de unir dois conceitos que acredito que devam ter como base uma região como a nossa, o nosso futuro econômico. Por um lado, toda a esfera local, ou seja, tudo o que é trabalhado a partir de uma perspectiva territorial em nossos municípios, nossos cenários por excelência para trabalhar o desenvolvimento sustentável, e por outro, o conceito circular que representa o “Cir”, o compromisso decidiu pela criação de uma região circular, que alicerça o seu impulso empresarial apostando em tudo o que a economia circular implica. LOCAL E CIRCULAR, as nossas ferramentas para posicionar a economia da Extremadura no contexto nacional e europeu, e ao mesmo tempo fazê-lo de mãos dadas com os nossos vizinhos da zona Centro e Alentejo que constituem a Euroace.

Como explicaria o que é o Local Cir e quais objetivos que tem seguido nesses anos de execução do projeto?

O objetivo geral da LOCALCIR é promover iniciativas e ações voltadas para o desenvolvimento de um setor econômico sustentável, que utilize recursos endógenos e crie produtos de alto valor acrescentado. Isto significará a implementação de diferentes serviços em colaboração com empresas, administração e agentes sociais.

O projeto LOCALCIR foi desenvolvido para promover o empreendedorismo e a inovação das empresas na economia circular, através do programa INTERREG V-A Espanha Portugal (POCTEP), e tem prosseguido a criação de um serviço de apoio à promoção do espírito empreendedor e à consolidação de novos negócios ideias no setor de economia verde e economia circular. Assim, ao promover novos produtos e processos baseados na sustentabilidade local, LOCALCIR acredita ter melhorado a competitividade das empresas rurais estremenhas e portuguesas na zona Euroace.

E entre os objetivos específicos, tem-se trabalhado para:

1. Dotar o espaço POCTEP de uma Metodologia de ITINERARIOS VERDES para o desenvolvimento da economia verde e circular no meio rural local.

2. Assegurar um serviço de apoio permanente à conceção de roteiros empresariais verdes.

3. Promover o setor com 225 empresas criadas ou melhoradas

Tudo isto com um orçamento de 3.284.870,75 euros cofinanciado a 75% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do programa INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020, enquadrado no eixo prioritário 2 do crescimento inclusivo através da fronteira cooperação em prol da competitividade empresarial.

E com um consorcio constituído por 16 sócios, 12 dos quais são da Extremadura e 4 de Portugal.

O projeto começou com um catálogo de boas práticas e um observatório, para que servem?

Sim, de fato, uma das primeiras ações do projeto foi criar um catálogo de experiências empresariais no campo da economia verde e circular que servisse de base para conhecer como estava o setor empresarial em Espanha e entretanto, na Europa já tinha começado a desenvolver-se negócios sob a perspetiva da circularidade que podiam servir de exemplo ou modelo de boas práticas na hora de ajudar o nosso setor empresarial da zona Euroace, a aplicar de igual modo soluções circulares aos novos negócios ou aos já existentes para que melhorem. Criámos este catálogo, onde incluímos até um total de 260 boas práticas empresariais locais, nacionais e europeias para a integração da economia verde e circular nos processos de produção e comercialização, nos produtos e serviços gerados pelas referidas empresas.

Uma vez criado o catálogo, pusemos mãos à obra para construir o observatório Euroace que realizou um Estudo de Oferta de até 1000 empresas com capacidade para implementar os produtos e serviços incluídos no catálogo de boas práticas e isso na perspectiva da procua criamos um Base de dados com 300 empresas do mercado interno e cerca de 100 do mercado externo.

Uma das contribuições mais importantes do projeto foi criar uma metodologia própria para a transição para negócios mais verdes e circulares. Como funcionou?

Sem dúvida, o fato de 3 regiões como Extremadura, Alentejo e Zona Centro terem criado pela primeira vez uma metodologia própria para ajudar as nossas empresas a passar da produção e comercialização de negócios lineares para circulares foi um grande desafio, e o resultado foi um produto com muito valor, não só para o nosso território mas também para que possa ser utilizado em qualquer um dos nossos dois países, Espanha e Portugal, e porque não extende-lo a qualquer entidade da União Europeia?…

Para desenhar esta metodologia criámos uma rede de especialistas, cerca de 60 pessoas expertas, que através de três workshops validaram a própria metodologia criada para os itinerários verdes e, uma vez criado o enquadramento teórico, era altura de o aplicar às nossas empresas. Para tal criámos o Serviço de Apoio Permanente em conjunto com o programa de soporte para tentar cumprir os indicadores definidos no projeto, que eram bastante ambiciosos, nomeadamente contactar pelo menos 450 empresas e apoiar a outras 225 organizações empresarias. Terminado o programa, conseguimos contactar 978 empresas e apoiar 285, objectivos assim alcançados e largamente ultrapassados.

Com cada uma das empresas apoiadas realizámos um processo de mentoria empresarial numa perspetiva circular e o resultado final foi um relatório de circularidade personalizado para cada empresa com que trabalhámos.

Portanto, a conclusão é que pela primeira vez nas regiões da zona Euroace, cerca de 300 empresas foram trabalhadas de forma personalizada, para que pudessem entender, aceitar e iniciar sua transição de linear para circular. Um desafio alcançado graças ao projeto Localcir. Hoje já são empresas que, por um lado, podem descobrir quais são todas as oportunidades oferecidas pela economia circular, podem aceder a financiamentos para projetos de economia circular e, ao mesmo tempo, podem servir de exemplo para outras empresas que queiram seguir em seus passos.

Tem sido muito difícil fazer com que as empresas entendam e aceitem que a economia circular é aplicada aos seus negócios?

Como acontece com qualquer novo conceito, a sua aplicação prática envolve sempre dificuldades, mas tem sido feito um bom trabalho de promoção e sensibilização para as vantagens e oportunidades que a economia circular traz para qualquer empresa e sobretudo para as empresas envolvidas no processo, e também o trabalho de tutoria personalizada nos permitiu conhecer todos os obstáculos e todas as possibilidades que a circularidade pode trazer para cada uma das empresas em que trabalhamos diretamente. Mas também fomos de acordo com as necessidades que íamos detetando, criando novas ferramentas, o que nos permitiu descobrir todos os obstáculos e todas as possibilidades que a circularidade pode trazer a cada uma das empresas em que trabalhamos diretamente. Mas também fomos de acordo com as necessidades que íamos detetando, criando novas ferramentas que nos permitissem ajudar cada negócio a passar do linear ao circular, como é o caso da ferramenta virtual a que demos o nome de EUROCIRCULO, que é uma das primeiras ferramentas em Espanha e na União Europeia que servem a qualquer empresa ou organização para medir o grau de circularidade facilitam a avaliação organizacional do ponto de vista do desempenho e dos impactos gerados por suas atividades e modelos de negócios, considerando a economia verde e circular como objetivo a implementar .

O Eurocírculo (www.eurocirculo.eu) facilita assim um relatório de autodiagnóstico da situação através de uma plataforma de avaliação de desempenho obtida junto de organizações interessadas em ser avaliadas e conhecer a sua situação atual, oferecendo uma ideia preliminar do caminho a seguir.

O Eurocírculo, pretende assim facilitar a aproximação de empresas da região Euroace que pretendam iniciar o seu percurso na conversão ou criação de modelos de negócio, facilitando um relatório inicial desenhado com base nas suas iniciativas empreendedoras considerando modelos mais sustentáveis ​​concebidos com base em estruturas com reduzido impacto ambiental.

Com esta ferramenta passamos a ter um instrumento para cada empresa saber de onde partimos e para onde queremos ou podemos ir na nossa circularidade empresarial, no nosso grau de colaboração empresarial, para atingir os objetivos de eficiência e sustentabilidade.

E, justamente esse grau de colaboração empresarial também tem encontrado resposta nos circuitos fechados e na Simbiótica dentro da Localcir?

Isso mesmo, uma parte importante de tudo que a economia circular envolve é baseada na colaboração entre empresas, na cooperação empresarial, e para isso criamos a SIMBIÓTICA dentro do projeto, uma ferramenta que oferece às empresas da região EUROACE um espaço virtual ponto de encontro para promover colaborações de simbiose industrial ligadas à economia circular.

A simbiose industrial pode ser definida como a associação de empresas ou unidades produtivas de diferentes setores, que relacionam seus processos produtivos para melhorar o uso de recursos e reduzir seus impactos ambientais conjuntamente.

A principal característica é a gestão partilhada e a troca de recursos como energia, água, materiais e subprodutos. Dessa forma, o que é resíduo para uma empresa pode ser matéria-prima para outra, otimizando a gestão dos recursos de cada setor.

Assim, a principal função de ‘Simbiótica’, de aplicação simples e acessível, é favorecer acordos entre empresas da região permitindo diferentes tipos de colaborações como a partilha de máquinas ou serviços de transporte, reutilização de resíduos e excedentes, compra conjunta de matérias-primas ou mesmo projetos de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, mostra as empresas cadastradas num mapa de geolocalização.

Para aceder a esta aplicação, deverá preencher um formulário de registo e indicar quais os recursos que a empresa oferece ou solicita através do link https://simbioticacircular.com/ , abrindo assim a possibilidade de contactar com um chat privado outras empresas filtrando por recurso ou tipo de colaboração e fechar acordos de colaboração com elas.

A ‘Simbiótica’ procura apoiar empresas e empreendedores que queiram aderir à mudança para uma economia circular e assim contribuir e implementar uma estratégia de desenvolvimento económico assente num sistema verde e circular.

E através da “Simbiótica”, usando a simbiose industrial, podemos criar o objetivo final que são os CIRCUITOS FECHADOS, ou seja, um grupo de empresas que podem recuperar os resíduos gerados pelas demais empresas do circuito como matéria-prima, sendo o resíduo de uma empresa um recurso potencial para outro. O projeto criou 20 circuitos fechados, 10 deles internacionais. Cada circuito deve ter um mínimo de 6 empresas, pelo que tivemos cerca de 120 empresas a colaborar nos circuitos fechados criados, um sucesso absoluto de participação empresarial, num tema de especial relevância.

Mas para além de aconselhar as quase 300 empresas que integram o projeto, tem-se afirmado que também pode ser prestada assessoria permanente a todas as empresas, entidades ou pessoas interessadas na economia circular. Como se processa?

É claro que o Local Cir, sendo um projeto de experimental de ações que orientem todo o tecido empresarial que se tem integrado no projeto rumo a uma economia circular, tem também vocação para perdurar a presença ao longo do tempo e para isso desenvolvemos e colocamos em funcionamento outras ferramentas pensadas para poder solicitar informações ou conselhos ao longo do tempo, mesmo quando o Localcir tenha terminado para que se encontre um espaço onde buscar em caso de necessidade. Desta forma abrimos o primeiro Gabinete Virtual Circular e o primeiro Assistente virtual omnicanal a que demos o nome de Cori, em relação ao coração que surge como símbolo da estratégia Extremadura 2030. No escritório virtual circular pode encontrar projetos em andamento, conteúdo formativo, linhas de financiamento, legislação vigente. E através do assistente virtual omnicanal (Cori) pode-se fazer todo tipo de consulta relacionada ao projeto e a economia circular.

Trabalhar a favor de uma economia circular envolve muito esforço para promover, educar, sensibilizar,… como tem sido trabalhado este aspeto dentro do projeto Localcir?…

Foram trabalhadas inúmeras ações realizadas por todos os parceiros ao longo de todo o tempo de execução do projeto, entre elas destacam-se as ações de formação para empresas, desempregados, estudantes, mais de 200 pessoas ou empresas, ou formação para desempregados pessoas e estudantes, num total de 300, dos quais 150 estão desempregados.

Numerosas atividades de sensibilização sobre a economia verde e circular foram realizadas entre conferências, workshops webinar, deve-se destacar que organizamos o Primeiro Congresso de Economia Circular da Extremadura e a primeira plataforma MOOC para formação em economia circular que já colocou em funcionamento uma dezena de cursos gerais e especializados sobre economia circular, com centenas de participantes nos mesmos.

De igual modo, há que destacar as ações de promoção do empreendedorismo, promovendo a criação de novas empresas e oportunidades de emprego através de workshops para a criação de PME, encontros de empresários, cerca de 130 ações diferenciadas realizadas por grande parte dos parceiros do projeto.

Também devemos destacar que o projeto gerou um bom número de recursos disponíveis para toda a área Euroace e para cada pessoa, empresa, instituição, independentemente de onde estejam localizadas…o que se lhe ofrece comentar?

É isso mesmo, sem dúvida, um dos valores do projeto tem sido a criação de recursos de todo o tipo destinados a favorecer a economia circular, primeiramente conhecidos e utilizados pelas 3 regiões alvo do projeto, podem ser utilizados a partir de agora por qualquer entidade em qualquer parte do planeta, entre estes recursos teríamos de destacar, uma Plataforma de participação cidadã denominada “Participa Extremadura Circular”, onde poderá recolher iniciativas, ideias, sugestões de qualquer pessoa ou empresa interessada na economia circular. Criámos até 3 catálogos de empresas relacionadas com a economia circular, como o Catálogo de Produtores Locais da província de Badajoz, o Catálogo de “Merchandising Sustentável” e o “Catálogo de 225 empresas de economia circular”.

Entre os recursos audiovisuais, o projeto criou um total de cerca de 300 vídeos e 10 programas de rádio para divulgar e promover a economia circular em nossas 3 regiões.

Foram organizadas 3 feiras e realizadas em diferentes cidades, uma sobre produtores locais na província de Badajoz e outras duas transfronteiriças sobre moda sustentável e reciclagem têxtil.

Quanto a recursos como manuais ou relatórios, numerosos foram os documentos elaborados, entre os quais podemos destacar o Primeiro Relatório sobre a Economia Verde e Circular da Extremadura, a Agenda Local Circular, o modelo teórico da herdade circular ecodigital, o Dossier de dados da economia verde e circular de setores produtivos de Extremadura entre outros.

Por último, considera que a Localcir tem servido para continuar a posicionar a Extremadura por parte de Espanha e o Alentejo e a Zona Centro, por parte de Portugal na Europa e no mundo como uma região que aposta na Economia Circular?

Sem dúvida, foi o que afirmamos na apresentação dos resultados do projeto em Bruxelas, em Outubro de 2022, onde uma delegação de parceiros da Localcir teve a oportunidade de explicar a várias entidades europeias estabelecidas em Bruxelas como esta proposta ajudou tanto a Extremadura, como o Alentejo e a Zona Centro a posicionam-se no contexto europeu como regiões que têm sabido promover o caminho para economias cada vez mais circulares. O prémio entregue em Ayamonte, no âmbito da apresentação da nova convocatória do Poctep, também deixou claro que o projeto Localcir tem sido conhecida e reconhecida como um dos projetos com mais longa trajetória entre os desenvolvidos nos últimos anos.

Hoje a Extremadura está em condições de se tornar uma referência europeia de economia verde e circular, como pretendia o nosso presidente no seu discurso sobre o estado da região em 2016, através do seu Extremadura 2030, projeto que realiza desde que foi aprovado em 2018, um programa claro para divulgar o seu compromisso com a economia verde e circular, através da participação, inovação e investigação, massiva formação e ação cidadã, com mais de 800 ações em curso, com um investimento superior a 1.600 milhões de euros, com mais de 200 linhas de apoio, cerca de 110 planos ou estratégias, ou 185 planos de formação e sensibilização em cultura verde e circular . Uma estratégia que envolveu explicitamente mais de 140 municípios, outros 153 centros educativos, 175 empresas ou cerca de 100 grupos regionais, que valorizou mais de 200 projetos de I+D relacionados com a economia verde e circular, nos quais trabalham mais de 800 investigadores da Extremadura, que executou mais de 7 milhões de euros em grupos operacionais agrícolas, ambientais e florestais, reunindo pesquisa, experiências piloto em empresas e territórios municipais e que também comprometeu instituições como a Universidade de Extremadura, a Federação de Municípios de Extremadura, o Desenvolvimento Rural Rede da Extremadura ou os dois Conselhos Provinciais na concepção de projetos inovadores de economia circular.

Hoje, desde a Extremadura, estamos trabalhando muito na luta contra as mudanças climáticas, contra o despovoamento na nossa terra, com ideias e execução de projetos relacionados à economia verde e circular, passamos vários anos implementando algumas das ideias que hoje o Pacto Verde Europeo quer promover, como o apoio directo à instalação de processos circulares nas nossas explorações agrícolas e pecuárias, com incentivos agro-industriais, que dêem prioridade a projectos circulares, com a nossa nova lei de urbanismo e ordenamento do território sustentável, que facilita a concepção e implementação de projetos de negócios verdes e circulares em terras rurais, assessorando cerca de 300 empresas da Extremadura a passar de negócios lineares a negócios circulares, com a própria metodologia de circularidade criada no âmbito do projeto europeu Poctep LOCAL-CIR.

Apostando na agricultura biológica, na venda direta a produtores agrícolas, num regadío, que tenha no uso sustentável da água uma das suas bandeiras. Por uma prevenção de incêndios florestais que por sua vez gera riqueza nos territórios com o projeto Mosaico1.

Por uma gestão sustentável das nossas montanhas e sobretudo com um apoio determinado à gestão do nosso ecossistema sustentável pela natureza, o nosso Montado, que é hoje o melhor exemplo daquilo que o Pacto Verde pretende alcançar para toda a Europa: o equilíbrio entre a Natureza e o O Homem, entre a Cultura e o Ambiente.

Tudo uma aposta avançada e alinhada com o presente e o futuro da União Europeia na construção da sua “Nova Bauhaus”, que devemos saber aproveitar ao máximo as nossas cidades, a nossa província de Cáceres, e a nossa Extremadura, o nosso mundo rural, para que desde o primeiro minuto estejamos no centro do desenho cultural da nova Europa, desde o primeiro momento nos coloquemos, não sei se pela primeira vez na história recente, no epicentro da construção de a alma europeia, nascida do pequeno, do rural, do autêntico e do diverso.

Chegámos ao final da entrevista: Agradecemos o seu tempo e disponibilidade para a conversar conosco. Desejar-vos também a todos os parceiros os maiores sucessos para que a Localcir continue a ganhar terreno na Região Euroace, com vista a continuar a promover a mudança para a inovação e sustentabilidade empresarial, facilitando assim o repovoamento dos espaços rurais na região de impacto da proposta e aumentar ainda mais a competitividade das nossas regiões transfronteiriças.

1 É um projeto do Programa Interreg V-A (2014-2020) POCTEP de empreendedorismo social que surgiu após os graves incêndios ocorridos na Serra de Gata, que resultaram num movimento que surgiu em torno da recuperação da zona, materializando-se já em 147 iniciativas florestais, agrícolas e pecuárias que prevêem um aceiro natureza de 20.000 hectares.